terça-feira, 17 de julho de 2007

Afinal era mesmo só montra. Não tinha armazém!

O resultado conseguido ontem pelo CDS-PP nas eleições autárquicas intercalares de Lisboa é lamentável. Tive, como é sabido, especiais responsabilidades na área autárquica, e por isso encontro-me especialmente triste. Afastado, apesar disso, sinto que não posso deixar de tecer alguns comentários aos resultados de ontem, depois de um longo silêncio.Lamento que a actual liderança do Partido tenha feito tábua rasa de um trabalho de organização, de apoio aos autarcas aos candidatos, aos ex e futuros candidatos, enfim aos temas autárquicos. Todo esse esforço parece ter ficado congelado no tempo. Procurei que esse caminho que adivinhava fosse evitado. Por isso, também por isso, usei da palavra como o fiz no primeiro dia do último Congresso do CDS. Em vão!Lamento que o espírito de unidade apregoado não tenha sido praticado. Em Lisboa como na Madeira os candidatos foram os anteriormente derrotados e agora de novo derrotados.Sinto mesmo muito que tenhamos perdido uma grande oportunidade quando tanto trabalho, tanto esforço e dedicação fora empregue com os autarcas a nível nacional e, no que a Lisboa respeita, com e pela Dra Maria José Nogueira Pinto. Desta vez, recordo, as indicações que ao tempo tínhamos eram favoráveis - dois ou três Vereadores. Desta feita, sublinho, a direcção não teve oposição interna e muito bem!Quem saiu a fingir que saíra, quem o fez quando e como o fez, quem regressou no momento e na forma como todos nos recordamos foi castigado pelos eleitores e também pelos militantes. Sim, os eleitores cobraram tudo isso com a arma que têm, pelos votos e através da abstenção!Perdemos mais de metade dos votos!Baixámos de 16723 para 7258 votos! Caímos de 5,9% para 3,7%. Ficámos, ao que me foi dito, atrás do MRPP (Marxista - Leninista a sério e contra o partido Cunhalista) em freguesias como Ajuda, Marvila, Sto Estevão e Socorro. Já antes nos preocupara a nível nacional o Bloco(a esquerda caviar arvorada em superioridade moral e política). Tanto que o lider ao tempo, após as últimas legislativas, saiu nesse fim de ciclo!Há já quem diga que agora somos o maior dos partidos insignificantes. A esquerda já começa a referir este dia em que o CDS passou a ser irrelevante. Psicologicamente esperemos que a mensagem, falsa, não passe pois poderá ser catastrófica. Tudo isto numas eleições em que tínhamos obra feita, não havia a pressão do voto útil, tínhamos pessoas com conhecimento da “casa”, em posições de destaque, e o “odioso” estava na outra direita, em Costa e, assim, nos outros candidatos.Mas perdemos. Foi essa a marca que ficou e ainda não chegámos aos 100 dias da actual liderança que vinha cheia de conhecimento, capacidade e de poder. Afinal era mesmo só montra. Não tinha armazém!Perdemos representatividade numa CM que já foi “nossa”, talvez na última oportunidade em que, participando no arco da governação, podíamos mostrar ideias, projecto e obra beneficiando da partilha do poder. Sim, porque se agora vingar o pacto do bloco central teremos apenas, no futuro, executivos monocolores. O CDS que estava em crescimento, numa linha de alargamento, tinha um claro e verdadeiro projecto, mas pode ter entrado num caminho sem retorno. Já se começam a ouvir comentários jocosos dando conta de que não se percebia qual era a agenda focada, mas que os CDS’S continuam a ser a charneira no executivo com Feist. E não se diga que as suspeições, intrigas e manobras de diversão, maldosas, concordo, nos afectaram especialmente quando, no caso dos independentes "Carmona", estes, com tantas polémicas que os envolviam, sem aparelho, chegaram ao segundo lugar.Não podemos permitir brincadeiras com o património democrata–cristão. Há que refletir, auscultar, ficar e trabalhar! O mandato conferido em directas tem que ser cumprido!As responsabilidades têm que ser assumidas. De acordo! Principalmente ao nível concelhio e distrital, de organização autárquica. É certo! Mas acima de tudo temos que pensar todos.Não haja ilusões de que um CN, restrito, mais a mais em face da sua actual composição, necessariamente aclamatório e desculpabilizante, pode consolar os responsáveis. O problema é que os militantes e eleitores não se contentam com soluções meramente formais. Há que saber arrepiar caminho e concluirmos todos que caminho queremos para o CDS.
José Gagliardini Graça

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