sexta-feira, 13 de abril de 2007

Dêem-lhe um sinal vermelho

Ao longo de dois anos tudo serviu para atacar a Direcção do CDS por parte de alguns deputados do Grupo Parlamentar. Em vez de fazerem oposição ao Governo e ao PS andaram a divertir-se a fazer ou a inspirar a oposição à Direcção do seu próprio partido.

Mesmo as questões mais graves e mais importantes não escaparam a este espírito deletério e maldoso que amarrou o CDS a quizílias internas e guerras de facção, em vez de lhe permitir afirmar a sua agenda política e crescer.

O Pacto para a Justiça é um bom exemplo. No ano de 2006, o CDS levou a cabo com o Governo (eu próprio com o Ministro da Justiça) várias negociações e discussões para a obtenção de um consenso alargado em várias matérias de reforma da Justiça.

De repente, em Setembro de 2006, ficou a saber-se que o PS e o PSD tinham concluído um pacto entre si para aprovar no Parlamento vária da legislação que tinha estado em discussão ao longo do ano. Veio a oposição interna vituperar a Direcção e queixar-se de o CDS ter sido «marginalizado» por um Pacto de que em boa verdade nunca quizémos fazer parte.

Ribeiro e Castro explicava então que estava disponível para continuar a discutir com o Governo a reforma do sistema judicial. “A Justiça é uma das área em que se justifica um diálogo de viva voz entre as forças políticas, nomeadamente as do ‘barco’ governativo e, portanto, é essa a atitude que tencionamos manter”, reforçando a ideia de que um consenso alargado e desejável, não é um pacto que amarra a oposição à responsabilidade que não é sua.

A 20 de Setembro de 2006, o ex-líder do CDS-PP Paulo Portas pronunciou-se sobre a matéria, dizendo que a ausência do CDS do pacto para a Justiça assinado entre PS e PSD significa «um sinal vermelho e perigoso» para os democratas-cristãos (Visão).

Para os portistas, esta passou a ser a posição autorizada: o CDS tinha sido excluído do pacto por culpa da Direcção: «em políticas não há borlas, nada é dado de graça», alertou Portas, numa crítica implícita à actual direcção do CDS, liderada por José Ribeiro e Castro.

Ora muito bem: ficámos agora a saber que afinal "o CDS deve ter sentido de Estado mas não deve estar disponível para pactos fictícios, como o pacto da justiça", conforme Portas teve agora ocasião de dizer no Café Majestic no Porto, ontem, perante cerca de 50 «jovens» tais como Álvaro Castelo Branco e António Pires de Lima.

Esperemos que os militantes do CDS lhe mostrem o «tal» sinal vermelho...
João Mota Campos

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