segunda-feira, 16 de abril de 2007

O homem doente da Europa precisa de médicos não de feiticeiros


Olhem para qualquer tabela de comparação de dados económicos e verão Portugal sobressair: o crescimento do produto nacional bruto, de 1,3% em 2006, foi o mais baixo, não só da União Europeia, mas de toda a Europa.
Desde 2000, a República Checa, a Grécia, Malta e a Eslovénia ultrapassaram Portugal em termos de PIB per capita; e, o PIB per capita português caiu de cerca de 80% da média comunitária para 70%.
O pecado mortal da economia portuguesa é o deficit orçamental e a Comissão Europeia entende que o problema foi deixar a despesas pública descontrolar-se e chegar a 6,8% PIB, o mais alto da zona euro.
A comparação com os outros países da União fica pior quando se considera que Portugal partilha com a Espanha a Península Ibérica e que o crescimento económico espanhol foi superior a 3% em nove dos dez últimos anos.
No Outono passado, uma sondagem dava 28% dos portugueses a desejarem ser espanhóis...
Há algumas explicações para este desempenho miserável: Portugal sofreu mais que a Espanha com a subida do preço do petróleo; os seus custos laborais subiram acentuadamente, enquanto na Alemanha baixaram; até recentemente Portugal ressentiu-se de uma queda notória na procura externa nos seus principais mercados de exportação, designadamente a Alemanha.
A instabilidade política tem também fortes culpas: em média, desde 1974, os governos portugueses duraram dois anos.
Mas, a maior diferença com a Espanha é que esta reformou o sector público e disciplinou as suas finanças antes de entrar para o Euro, não depois.
Quando as taxas de juro caíram, libertando um impulso de crescimento económico na segunda parte dos anos 90 (Governo Guterres), Portugal respondeu com uma política fiscal expansionista em vez de controlar o deficit público.
Esta foi a grande oportunidade perdida de Portugal.
Há muito que sabemos isto. O “Economist” di-lo esta semana.
Há no CDS quem há dois anos se preocupe com estas matérias e procure caminhos alternativos: «políticas alternativas para uma alternativa política». Esse alguém chama-se José Ribeiro e Castro.
João Mota Campos

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